Hipoglicemia neonatal
Embora também seja conhecida por ocorrer em bezerros e cordeiros, é melhor
documentada em leitões < de 1 semana de idade. Complicação final antes da morte
em muitas doenças, representa 15 a 35% da mortalidade total de leitões. A
discussão a seguir centra-se em leitões.
Etiologia
– Com uma habilidade gliconeogênica apenas parcial, reservas de
energia limitada, e essencialmente nenhuma gordura marrom, os leitões recém-nascidos
dependem de reservas de glicogênio e, o mais importante, de aleitamento
freqüente. A predisposição à hipoglicemia dos leitões ocorre com qualquer doença
da porca que diminua ou iniba a produção ou a descida do leite. Um tamanho grande
de ninhada, em conjunto com o número inadequado de tetas, impossibilitam um
aleitamento apropriado; a colocação inapropriada de uma barra inferior na baia de
parição, o que prejudica o acesso ao úbere, pode levar a um consumo inadequado de
leite e hipoglicemia.
A temperatura crítica para leitões recém-nascidos é de
, 35oC. Os leitões
apresentam uma resposta metabólica eficiente ao frio e uma vasoconstrição
periférica completamente funcional, mas sua carência de gordura subcutânea de
isolação (até 1 a 2 semanas de idade) permite acentuada perda de calor. Em
ambientes úmidos ou com correntes de ar, em pisos frios, ou em baixas temperaturas
ambientes, a manutenção da temperatura corporal exige rápida utilização de
glicose, o que esgota as reservas de glicogênio; se o consumo de leite for reduzido,
podem ocorrer hipoglicemia e morte.
Achados clínicos
– Um ou mais leitões de uma ninhada podem estar envolvidos.
Inicialmente, o comportamento muda de sucção vigorosa ou brincadeira
alternando com sono, para prostração solitária. Os suínos afetados caminham
sem direção, com andadura cambaleante, choram fracamente e são muito ma-
Manejo, Criação e Nutrição, Introdução 1322
gros, com a pele úmida, fria e pálida; são hipotérmicos, têm tono muscular ruim e
não respondem a estímulos externos. À medida que a incoordenação aumenta, os
leitões podem ficar em pé com as pernas tortas, e segue-se decúbito lateral ou
esternal. Terminalmente, exibem convulsões com mastigação ruidosa das mandíbulas,
salivação, opistótono, nistagmo, contração de membro anterior e posterior,
coma e morte. Muitos leitões afetados são esmagados pela porca.
Os níveis séricos de glicose caem de um normal de 90 a 130mg/dL para tão baixo
quanto 5 a 15mg/dL; os leitões afetados geralmente manifestam sinais clínicos
quando os níveis estão < 50mg/dL.
Diagnóstico
– Qualquer afecção que prejudique o consumo alimentar dos
suínos neonatos é um problema diagnóstico potencial. Geralmente, no entanto,
pode-se diagnosticar hipoglicemia, pelo escame da porca e do ambiente, à procura
de fatores predisponentes, e a resposta do leitão à glicoterapia.
Tratamento e profilaxia
– O tratamento consiste em 15mL de glicose 5% IP. Os
suínos tratados devem ser colocados sob uma lâmpada de aquecimento ou em um
ambiente equivalentemente quente. A resposta se segue em 5 a 10min, com
tremores e mais atividade. Os leitões severamente hipoglicêmicos e hipotérmicos
podem não responder. Tem-se que providenciar um consumo de energia assegurado
para se evitar recidiva.
Se a ocitocina não promover a descida do leite na porca, podem-se administrar
intragastricamente 20mL de dextrose a 5%, colostro de vaca ou leite evaporado
diluído pela metade com água, para cada leitão através de uma pequena cânula
plástica (com cuidado, para evitar danos aos divertículos faríngeos), ou pode-se
repetir glicose IP a cada 4 a 6h. Os leitões ativos aprendem rapidamente a beber em
um prato. O aleitamento adotivo dos leitões é possível em grupos de unidades de
parição; a maioria das porcas aceita leitões introduzidos silenciosamente durante o
período da descida do leite. A distribuição das ninhadas de tamanho irregular pode
reduzir a mortalidade por inanição e hipoglicemia. Qualquer doença primária da
porca deve ser tratada efetivamente e quaisquer falhas dentro do ambiente devem
ser corrigidas. Os leitões devem ser mantidos em uma área de trânsito livre de
correntes de ar, aquecida a 35
oC durante a primeira semana de vida. Os leitões
estressados pelo frio e marginalmente hipoglicêmicos são mais suscetíveis a
doenças intestinais e outras doenças neonatais.
Enviada por:
Gustavo Farias. Ac. Medicina Veterinária
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
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