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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Recebíveis são alternativa contra a Selic

aumento da taxa básica de juros, a Selic, tem sido a principal estratégia adotada pelo governo para controlar a inflação. A medida eleva o custo do dinheiro e, com isso, o consumo tende a diminuir já que o crédito fica mais caro. Esfriando a economia, o mecanismo pode gerar recessão, sendo criticado por empresários e algumas correntes de economistas. No entanto, especialistas afirmam que a ferramenta pode não ser mais eficiente porque as empresas dispõem de outras opções para seu financiamento que não o empréstimo bancário, como os recebíveis.
"As empresas, de maneira geral, conseguem levantar recursos por conta de lançamentos futuros, da mesma maneira que os trabalhadores podem fazer ao antecipar o recebimento do décimo-terceiro salário nos bancos", explica o coordenador do departamento de Economia da Pucrs, Leandro de Lemos. Segundo o economista, esses mecanismos são recomendados às empresas em momentos de falta de liquidez, já que conseguem promover a alta em curto prazo. O coordenador do curso de Ciências Contábeis da mesma universidade, João Carlos Miranda, acrescenta que é preciso avaliar se a taxa de juros a ser aplicada no adiantamento é inferior à remuneração do capital próprio. "É difícil afirmar o que é melhor para cada empresa, é preciso sempre avaliar o risco envolvido", alerta Miranda.
As opções de financiamento com recebíveis são diversas, mas o princípio básico é de operações de mercado futuro, ou seja, buscando obter resultados de um ativo ainda não-integralizado pela empresa. Lemos compara o mecanismo ao que fazem os clubes de futebol ao investir em um jogador iniciante, muitas vezes ainda adolescente. Os empresários não sabem qual será realmente o desempenho do atleta nos próximos anos, mas já garantem o pagamento de um salário ao jovem e à família por conta de um contrato com duração até a idade adulta, quando aí sim poderão ser realizados bons negócios, com retorno do investimento e rentabilidade. "Todas as empresas podem ter seus ativos precificados e lançados no mercado, como as vendas futuras, por exemplo", afirma o professor de economia.
O mercado futuro de commodities agrícolas é um exemplo. As safras nem mesmo foram plantadas e já estão negociadas nas bolsas de mercadorias do mundo todo. No entanto, há uma alta exposição ao risco, uma vez que é impossível prever com exatidão todas as variáveis que influenciam no preço no momento da comercialização efetiva do produto, já que o fator climático é determinante para uma boa ou má colheita, o que irá elevar ou derrubar a cotação do produto. "Cada vez mais, a taxa de juros se torna frágil frente à liquidez do mercado, sobretudo com a injeção de ativos no futuro", diz Lemos.
Há, ainda, os fundos de recebíveis, negociados no mercado financeiro. Uma empresa seleciona um conjunto de ativos recebíveis que não existem concretamente - os pagamentos de um longo contrato - e lança aos investidores, que compram esse ativo, com um elevado grau de risco. Esse mecanismo é bastante utilizado por construtoras, por conta da necessidade de financiarem a construção dos edifícios enquanto as unidades não estão totalmente comercializadas.
De acordo com Lemos, a dinâmica atual da sociedade torna cada vez mais maior o leque de opções que uma empresa pode lançar mão para aumentar sua rentabilidade. São novas formas de precificação de elementos que até bem pouco tempo nem seriam cogitados como ativos, o que já ocorre com os créditos de carbono.
"No Paraguai, os colonos donos de terras que seriam inundadas por barragens conseguiram vender suas propriedades pela área, mas também pelo volume, ou seja, agregando a altura que seria inundada. Terras onde o lago seria mais profundo valem mais quando se consideram os metros cúbicos e não somente os metros quadrados", exemplifica. "Em um mundo contemporâneo de financeirização, essas ações se tornam uma práxis e o governo acaba tendo menos poder influenciar na economia", conclui o coordenador do departamento de economia da Pucrs.

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