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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Dose dupla

Com as dificuldades para controlar quimicamente a traça-do-tomateiro e a broca grande, capazes de causar até 80% de perdas na produção de tomate, a alternativa é buscar a solução com bioinseticidas e manejos diferenciados.

A traça-do-tomateiro é considerada a praga mais importante da lavoura de tomate. As larvas minam as folhas e perfuram os frutos, tornando-os imprestáveis para o consumo. Diversos inseticidas são empregados para o seu controle e, quando a população é elevada, costumam ser feitas até três pulverizações por semana.

A broca grande, outra praga do tomate, é considerada secundária. As larvas destroem a polpa e, em ausência de controle, podem causar perdas de até 80% da produção. Atualmente este inseto apresenta pouca importância econômica, já que os inseticidas usados para o controle da traça-do-tomateiro normalmente controlam também a broca.

Como o número de aplicações de inseticidas para o controle de pragas em tomate é exagerado e esta prática tem causado diversos problemas como resíduos de inseticidas em alimentos, intoxicação de aplicadores e poluição ambiental, métodos que eliminem ou diminuam o uso destes produtos têm sido buscados. Trichogramma pretiosum é um parasitóide de ovo de traça-do-tomateiro e broca grande. Quando associado ao bioinseticida Bacillus thuringiensis tem reduzido significativamente os danos da traça-do-tomateiro. No entanto, o uso constante de B. thuringiensis pode levar à seleção de populações de traça resistentes ao bioinseticida. Assim sendo, faz-se necessário que inseticidas eficientes para o controle desta praga, com baixa toxicidade e com baixo impacto sobre T. pretiosum, estejam disponíveis.

Em uma avaliação da eficiência e seletividade dos inseticidas clorpirifós, methoxyfenozide, tiacloprid e triflumuron, realizada na Embrapa Hortaliças, foi constatado que todos os inseticidas controlaram a broca grande. Enquanto plantas sem pulverização tiveram 20% dos frutos brocados, plantas pulverizadas apresentaram menos de 5% de frutos danificados O inseticida metoxyfenozide foi seletivo ao parasitóide T. pretiosum, já que a percentagem de ovos de broca grande parasitados não foi significativamente afetada (Figura 1 - veja no final do texto como visualizar este artigo, com fotos e tabelas, em PDF).

O neonicotinóide tiacloprid e o regulador de crescimento triflumuron reduziram significativamente a percentagem de ovos de broca grande parasitados por T. pretiosum, não sendo por isso considerados seletivos (Figura 1). Vale aqui ressaltar que tiacloprid é um produto eficiente para o controle de mosca-branca em tomate. Desse modo, em áreas onde por T. pretiosum esteja sendo liberado para o controle da traça-do-tomateiro, a possível aplicação do produto para o controle de mosca-branca deve ser cuidadosamente avaliada.

Nenhum dos inseticidas avaliados foi eficiente para reduzir significativamente os danos da traça-do-tomateiro. A percentagem de frutos brocados no tratamento testemunha foi de 33%, enquanto que para os tratamento com inseticida, esta percentagem variou de 31% (methoxifenozide 144) a 54% (clorpirifós 675). As causas destes resultados podem ser várias, dentre elas: a) resistência da praga aos produtos utilizados. No Distrito Federal, já foi observado que as doses comerciais de inseticidas fosforados e reguladores de crescimento não controlavam a praga; b) acesso limitado do inseticida à praga. Isto pode se dar por áreas da planta que não são cobertas pelo inseticida, ou ainda pela falta de ação translaminar do inseticida, como no caso de triflumuron e methoxifenozide, onde larvas no interior das minas não seriam atingidas.

Em resumo, verificou-se que todos os inseticidas testados foram eficientes para o controle da broca grande, mas nenhum foi eficiente para o controle da traça-do-tomateiro. O inseticida methoxifenozide não afetou o índice de parasitismo de ovos de broca grande por T. pretiosum, sendo por isso considerado seletivo.

Marina Castelo Branco,
Embrapa Hortaliças

* Este artigo foi publicado na edição número 25 da revista Cultivar Hortaliças e Frutas, de abril/maio de 2004

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