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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Sabor na salada - San Vito é o novo tomate híbrido do segmento “saladete”

San Vito é o novo tomate híbrido do segmento “saladete”, resultado do cruzamento linhagens de resistência múltipla a doenças e outra que se caracteriza pela qualidade do fruto, o aroma e o sabor.

Um segmento de mercado de tomate que vem progressivamente ganhando destaque é o grupo denominado “Italiano”, “Saladete” ou “San Marzano”. Cultivares que pertencem a este segmento se caracterizam por apresentarem frutos alongados, de sabor adocicado (bom equilíbrio da relação ácido/açúcar), textura e aroma agradáveis, cor vermelha intensa e maturação uniforme dos frutos, podendo ser utilizados para consumo “in natura” e para produção de tomate seco. Em alguns países da América Central tomates do tipo “Saladete” já ocupam uma fração significativa do mercado para consumo “in natura”.

Alguns híbridos do tipo “Saladete” originários de programas de melhoramento genético conduzidos no exterior têm tido boa aceitação no mercado brasileiro. No entanto, a contribuição da pesquisa brasileira no desenvolvimento de novos híbridos e cultivares com adaptação as diferentes condições agroedafoclimáticas brasileiras tem sido ainda escassa para o segmento “Saladete”. Visando suprir esta deficiência e também diversificar o panorama varietal de tomate no Brasil foi conduzido um programa de melhoramento genético que resultou na liberação de um novo híbrido de tomate “Saladete”, denominado ‘San Vito’.

‘San Vito’ é um híbrido F1 resultante do cruzamento entre uma linhagem com resistência múltipla a doenças, e uma outra linhagem que se caracteriza pela qualidade dos frutos quanto ao aroma e sabor. ‘San Vito’ é um tomate do tipo italiano (“Saladete”), polpa espessa e longa vida do tipo estrutural. O pequeno diâmetro da cicatriz peduncular deste híbrido facilita a colheita e reduz as trocas gasosas contribuindo para uma maior conservação pós-colheita. Devido ao formato mais comprido dos frutos, ‘San Vito’ exige maior atenção quanto à adubação e ao manejo da irrigação, visando evitar a ocorrência de podridão apical (deficiência de cálcio). Este híbrido é resistente a várias doenças incluindo pinta-bacteriana (Pseudomonas syringae pv. tomato), mancha-de-estenfílio (Stemphylium solani e S. lycopersici), murcha-de-fusário (Fusarium oxysporum f.sp. lycopersici raças 1 & 2), murcha-de-verticílio (Verticillium dahliae raça 1). ‘San Vito’ contém o gene Mi que confere resistência a várias espécies de Meloidogyne (nematóide-das-galhas) e algumas populações do pulgão das solanáceas (Macrosiphum euphorbiae). Uma outra característica interessante do gene Mi é que a sua presença interfere no ciclo de vida da mosca-branca (Bemisia argentifolii) reduzindo o crescimento populacional do inseto.

‘San Vito’ possui hábito de crescimento indeterminado, com bom pegamento de fruto mesmo nos cachos superiores. A colheita inicia-se entre 75 a 90 dias após o transplante, estendendo-se por cerca de 40 dias. O ciclo total da planta é de aproximadamente 120-140 dias, contados a partir do transplante. Os frutos possuem boa conservação pós-colheita (duas vezes superior à do grupo Santa Cruz) são firmes e pesam em torno de 100g, tendo excelente aceitação no mercado consumidor. As plantas apresentam cachos com frutos bem uniformes com cerca de sete frutos por cacho. Os frutos podem ser usados em saladas, molhos, sucos e na elaboração de tomates secos. A comercialização em pequenas bandejas de isopor e filmes plásticos de PVC, com seis frutos cada, tem sido usada visando agregar valor ao produto. Com 100% da superfície com coloração avermelhada, os frutos apresentam as seguintes características: licopeno = 60 mg/g; firmeza = 3,04 kgf; brix = 4,78; acidez = 53,61 meq. ác. cítrido/kg de matéria fresca; brix /acidex = 0,14; relação a*/ b* = 0,92.

‘San Vito’ é indicado para plantio nas principais regiões produtoras de tomate para mesa, tanto em cultivo protegido quanto em campo aberto. A arquitetura da planta permite que este híbrido seja cultivado em maiores densidades de plantio em fileiras simples ou em fileiras duplas. No caso da fileira simples, têm-se utilizado o espaçamento de 1,20m entre fileira e 0,4m entre plantas, sendo que em algumas regiões do país tem-se utilizado, mais comumente, o espaçamento de 0,5m entre plantas na linha. O tutoramento deve ser feito na vertical utilizando-se um dos seguintes sistemas: a) tutoramento com estaca: colocar uma estaca com 2,20 a 2,50m de altura junto a cada planta para nela amarrar a haste à medida que ela for crescendo; b)tutoramento com cerca: colocar seis a sete fios de arame ou fitilho de plástico horizontalmente, distanciados de 30cm e no sentido da linha de plantio, formando uma cerca, onde as hastes serão amarradas à medida que forem crescendo; c) tutoramento com fitilho: colocar um suporte rígido ou arame grosso, bem esticado e firme a 2,20 - 2,50 m de altura no sentido da linha de plantio. Amarrar uma das pontas de um fitilho de plástico, de boa qualidade, na haste da planta logo abaixo da segunda ou terceira folha e a outra extremidade do fitilho no suporte. À medida que a planta for crescendo, enrola-se a haste no fitilho. Este sistema é o mais usado atualmente pois permite o rebaixamento da haste da planta de acordo com seu crescimento e com a colheita dos frutos, obtendo-se assim um prolongamento do período de colheita. Com esta operação, a parte inferior da haste, onde já ocorreu a desfolha e a colheita das pencas, fica apoiada no solo, enquanto a parte superior fica na vertical. Este último sistema tem-se mostrado o mais adequado para o tipo de crescimento do híbrido ‘San Vito’.

Em condições experimentais, ‘San Vito’ tem produzido, em média, 270 a 340 caixas de frutos comercias por 1.000 plantas. A Embrapa Hortaliças poderá negociar com os possíveis compradores a venda das linhagens ou a venda direta da semente híbrida F1.

Leonardo de Britto Giordano, Leonardo Silva Boiteux e Osmar Alves Carrijo,
Embrapa Hortaliças
Paulo César T. de Melo,
USP-ESALQ

* Este artigo foi publicado na edição número 22 da revista Cultivar Hortaliças e Frutas, de outubro/novembro de 2003.

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