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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Tomate sem plantas daninhas

Sem enfrentar a competição de outras plantas, a cultura do tomate tende a apresentar um maior rendimento. Em plantios extensivos há necessidade do estabelecimento de um programa integrado de manejo das plantas daninhas, como forma de utilizar sistemas agrícolas sustentáveis.

No cultivo do tomateiro é necessário manter as áreas livres da
interferência de plantas daninhas, pelo menos durante o período
crítico, ou seja, até que a cultura se desenvolva, cubra
suficientemente a superfície do solo e não sofra mais a interferência
negativa delas. Em plantios extensivos há necessidade do
estabelecimento de um programa integrado de manejo das plantas
daninhas, como forma de utilizar sistemas agrícolas sustentáveis.

Em
locais intensamente cultivados, os plantios de tomate são feitos em
sucessão a outras culturas, contribuindo para aumentar o banco de
sementes na área. Nessas áreas também é comum a ocorrência de
fitotoxicidade pela ação residual de herbicidas utilizados em cultivos
anteriores.

A rotação racional de cultivos é vantajosa para o
manejo de plantas daninhas. Entretanto, os produtores não realizam
adequadamente esse manejo, tornando o controle progressivamente
problemático. Plantas agressivas proliferam, exercendo alta pressão de
competição com a cultura. Cita-se como exemplo a maria-pretinha (Solanum americanum Mill.), que vem infestando os campos de produção de tomate na região Centro-Oeste.

Numa
comunidade mista de plantas existe sempre um balanço competitivo entre
as espécies, predominando as mais agressivas e adaptadas ao ecossistema
agrícola. A população de plantas daninhas é dinâmica, ocorrendo
mudanças de acordo com as práticas agrícolas utilizadas, havendo a cada
ano uma nova relação de interferência entre as diferentes espécies.

Razões para o controle

Em
geral, as plantas daninhas adaptam-se melhor ao meio ambiente que o
tomateiro, crescendo mais vigorosas, principalmente nos primeiros
estádios de crescimento. O tomateiro tem desenvolvimento lento nos
primeiros 30-45 dias, devido à baixa taxa de extração de nutrientes
nesse período, principalmente em lavouras instaladas por semeadura
direta. Em lavouras formadas a partir de mudas a interferência inicial
é, geralmente, menor, uma vez que as plântulas (mudas) são levadas ao
campo com quatro folhas definitivas. Isso permite também uma maior
seletividade no uso de métodos de controle como, por exemplo, o uso de
herbicidas.

Observações sobre o Período Crítico de
Interferência (PCI) das plantas daninhas na cultura do tomate para
processamento, no Brasil, indicam que elas causam reduções de até 99%
na produção das lavouras implantadas a partir de semeadura direta.
Nesse caso, o PCI ocorre do 21º ao 97º dias após a emergência. Para
lavouras implantadas com mudas a redução é cerca de 75%, situando-se o
PCI do 17º ao 78º dias após o transplante. Em outros países, vários
trabalhos indicam que o PCI para esta cultura situa-se entre o 20º e o
63º dias após a emergência e entre o 25º e o 43º dias para lavouras com
mudas transplantadas.

A maria-pretinha (S. americanum
Mill.) é uma das principais plantas daninhas da tomaticultura. Ela
possui hábito de crescimento e fisiologia semelhantes aos do tomateiro,
o que dificulta seu controle com herbicidas seletivos para solanáceas.
Entre os ingredientes ativos que controlam esta espécie e com relativa
seletividade ao tomateiro encontram-se as formas s-metolachlor (em
fase de registro) e fluzasulforon. Algumas plantas parasitas como Cuscuta spp. e Striga spp. e Orobanche
spp. podem injuriar diretamente as plantas do tomate ao sugarem água e
nutrientes das plantas do tomateiro. Altas infestações também
interferem nas operações de cultivo, qualidade da produção e provocam
redução na eficiência da colheita.

Após o PCI até o final do
ciclo, as plantas daninhas não interferem significativamente na
produtividade. Entretanto, ao crescerem, dificultam a colheita, podem
contaminar o fruto e, posteriormente, o produto industrializado. Também
deve-se procurar manter a lavoura com menor infestação, para reduzir a
população de hospedeiros de pragas e doenças e facilitar a colheita.

Manejo integrado

Os
objetivos dos programas de manejo de plantas daninhas fundamentam-se no
uso conjunto das técnicas de prevenção, controle e erradicação.



Prevenção - Consiste em evitar a introdução de plantas, sementes ou
qualquer propágulo em áreas não infestadas. O sucesso deste método
depende do nível de pureza das sementes de tomate, da prevenção da
produção e da dispersão de sementes e propágulos de plantas daninhas.
As medidas de prevenção e controle devem ser eficientes para prevenir o
aumento do banco de sementes ou propágulos no solo.



Erradicação - É a eliminação de todas as estruturas de propagação de
uma planta daninha de determinada área. É recomendada para as áreas
pequenas e recentemente infestadas. Inspeções dos campos devem ser
realizadas regularmente para identificar focos iniciais e adotar
medidas de controle dirigido de forma a erradicá-los.



Controle - É a supressão das plantas daninhas para um nível em que não
cause dano econômico, ou seja, quando as plantas daninhas remanescentes
não mais interferem significativamente na produtividade biológica da
cultura. Essa é a prática de manejo mais usada quando a planta daninha
se encontra presente na área.

A integração conjunta dos
conhecimentos, atividades culturais e técnicas (prevenção, erradicação
e controle) utilizadas nos ciclos de cultivos anuais e pluri-anuais
constitui-se no que se denomina de Programa de Manejo Integrado.

Métodos de controle

Todas
as práticas que auxiliam o controle deverão ser consideradas no
programa, destacando não somente o uso de um simples método de
controle, mas também a adequação e os benefícios de cada operação
cultural. Cada uma das práticas deve ser avaliada quanto a: a)
efetividade em controlar cada espécie de planta daninha; b) nível da
consistência e duração quando corretamente executado; c) adequação de
cada prática dentro do esquema de manejo cultural e da seqüência do
programa de controle das plantas daninhas; d) seletividade,
flexibilidade e aplicabilidade de cada método em relação aos estádios
de desenvolvimento da cultura e plantas daninhas.

O resultado
só será satisfatório com a associação e/ou integração das práticas
culturais de preparo do solo, plantio, colheita e rotação de culturas,
uma vez que a população de plantas na área é dinâmica, ocorrendo
mudanças de acordo com as práticas agrícolas usadas. A cada ano há uma
nova relação de interferência entre as diferentes espécies. O manejo
deve contribuir para reduzir a população de plantas daninhas e a
quantidade de sementes no solo, de modo a reduzir a re-infestação nos
próximos cultivos .

O cultivo mecânico para controlar as
plantas daninhas no tomateiro pode ser usado sozinho ou juntamente com
os herbicidas. O cultivo é mais eficiente quando as plantas daninhas
estão ainda pequenas, no estádio de crescimento de 4 a 6 folhas
definitivas. Nesse estádio as plantas daninhas podem ser removidas
facilmente sem causar dano à cultura. A eficiência do controle mecânico
sobre as plantas daninhas perenes é baixa, podendo aumentar o problema
se os propágulos vegetativos forem removidos para locais
não-infestados.

Controle químico

O
controle químico seletivo tem sido avaliado e usado com sucesso na
tomaticultura, entretanto, nenhum herbicida foi capaz de controlar
todas as plantas daninhas que infestam os campos de tomate. A escolha
dos herbicidas dependerá das espécies a serem controladas, do tipo de
solo, método de irrigação, rotação de culturas, condições ambientais, e
dos equipamentos para aplicação.

Os herbicidas de diferentes
grupos indicados para a cultura do tomateiro estão relacionados na
tabela. Eles são usados basicamente de forma seletiva ou não-seletiva.

O
uso continuado de alguns herbicidas, como diphenamid
(N,N-dimethyl-a-phenyl benzeneacetamide), napropamide
(N,N-diethyl-2-(1-naphthalenyloxy) propanamide) e trifluralin
(2,6-dinitro-N,N-dipropyl-4-(trifluoromethyl)-benzenamine), num mesmo
campo, contribui para selecionar plantas tolerantes, tais como:
maria-pretinha e joá-de-capote. Dessa forma, o uso desses herbicidas
deve fazer parte de um programa de manejo, incluindo rotação de
culturas, seleção dos campos, etc.

O objetivo do programa de
manejo é usar múltiplos componentes para atender uma determinada
situação, e não somente ter como base uma simples prática que pode ou
não ser eficiente. As práticas de controle devem ser eficientes,
econômicas e flexíveis. Portanto, faz-se um cronograma das técnicas
passíveis de uso para cada um dos ciclos culturais. O programa deve
incluir práticas alternativas que possam ser implementadas caso as
operações programadas, para os primeiros estádios de desenvolvimento
das plantas, não possam ser executadas ou quando não forem executadas
na hora certa, devido às condições de clima ou outras circunstâncias.
Adicionalmente, o programa deverá conter outros aspectos, tais como: a-
avaliação das relações custos/benefícios de cada um dos componentes; b-
levantamento da capacidade operacional do usuário, de acordo com a
disponibilidade e necessidade de equipamentos e mão-de-obra, nas
diferentes fases; c- previsão de medidas de acompanhamento e inspeções
periódicas dos campos para aplicar, se necessário, métodos alternativos
para aprimorar o manejo.

Muitas vezes, há uma tendência de se
esperar que todos os problemas de plantas daninhas possam ser
resolvidos eficazmente por meio do uso dos herbicidas. Quando essa
atitude prevalece numa determinada situação, todas as outras práticas
importantes para o programa de manejo das plantas daninhas são
naturalmente ignoradas, impossibilitando a sua execução racional.

Welington Pereira
Embrapa Hortaliças

* Este artigo foi publicado na edição 03 da revista Cultivar Hortaliças e Frutas, de agosto/setembro de 2000

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