O cultivo de oliveiras no RS

Estado cria dois grupos de trabalho para incentivar o cultivo de oliveiras no RS

Secretário da Agricultura, João Carlos Machado, após visita a Caçapava reuniu toda a cadeia produtiva do setor para avaliar o que está sendo feito no Estado e planejar o desenvolvimento da cultura no Rio Grande do Sul
O governo do Estado criou dois grupos de trabalho – um de produção e outro de industrialização – para incentivar o cultivo de oliveiras no Rio Grande do Sul. A proposta surgiu após encontro na Seappa com a cadeia produtiva.
O governo do Estado criou dois grupos de trabalho (GT) – um de produção e outro de industrialização – para incentivar o cultivo de oliveiras no Rio Grande do Sul. A proposta surgiu após um encontro na Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Agronegócio (Seappa), nesta terça-feira (17), com a participação de produtores, da Associação de Olivicultores de Caçapava do Sul, do Ministério da Agricultura (Mapa), Secretaria da Fazenda, Assembléia Legislativa, Prefeitura de Caçapava do Sul, Emater/RS-Ascar, Embrapa, Fepagro, UFRGS, Sebrae-RS, Caixa RS e da Câmara de Comércio Brasil/Portugal.
Ficou acertado que, em 30 dias, os dois grupos se reunirão em Pelotas para uma nova troca de informações e planejamento estratégico. Nesse meio tempo, o GT da produção reunirá pesquisas feitas por técnicos da Emater/RS-Ascar, Fepagro e Embrapa com a experiência prática dos olivicultores gaúchos, situados sobretudo na zona Sul. O GT da industrialização também colherá as tecnologias disponíveis para a produção de óleo de oliva e de azeitonas, visando a possibilidade de implantar uma indústria no RS. A Caixa-RS se comprometeu a financiar os produtores que quiserem investir no ramo. "Nosso primeiro objetivo já foi plenamente atendido. Reunimos todos os elos da cadeia para avaliar o que já foi feito e projetar o futuro", comentou Machado.

Experiência
Depois de três anos de investimento em plantações de oliveiras pioneiras no Brasil, Caçapava do Sul está preparada para começar a industrializar o produto. No próximo ano, a Associação de Olivicultores de Caçapava do Sul quer se transformar em cooperativa para, em conjunto com a prefeitura, instalar no município a primeira indústria de óleo de oliva do país. O plantio inédito de oliveiras em Caçapava começou na metade de 2005, justamente com o envio de R$ 280 mil da Secretaria da Agricultura para a compra de mudas.
De lá para cá, 60 mil mudas foram plantadas e cultivadas em 120 hectares de área. "Já superamos a marca de 100 hectares de cultivo de oliveiras, que nos garante uma produção suficiente para abastecer uma indústria", relatou Diaine Dias, diretora da Agência de Desenvolvimento do município e uma das fundadoras da Associação de Olivicultores de Caçapava. Ela disse que o objetivo é alcançar o plantio de 200 hectares e de 80 mil mudas até o final do ano. "Precisamos do apoio do Estado para aumentarmos a produção", observou. O município já doou uma área de 2 hectares para a futura indústria, que será administrada pela própria Associação.
Na sua exposição, Diaine Dias disse que, atualmente, há 45 produtores de oliveiras no Estado. A maioria em Caçapava, mas a cultura já conquista adeptos em outras localidades, como em Lavras, Cachoeira do Sul, Encruzilhada, Formigueiros, Vila Nova e Guaíba. Nestes municípios, serão plantadas 12 mil mudas nos próximos meses. "Iremos dar todo o apoio necessário a esta atividade, que tem o mérito de introduzir uma nova alternativa aos produtores gaúchos", ressaltou Machado. Para ele, a atividade tem um grande futuro no Brasil, já que o país importa 100% do óleo de oliva consumido por aqui. "Já me tornei produtor de oliveira, pois ganhei uma muda na minha visita a Caçapava", lembrou o secretário.

Pesquisa
De acordo com o relato dos presentes, a oliva não é exatamente uma nova cultura para o Rio Grade do Sul. Há informações da década de 40 sobre plantações de oliveiras, porém, sem relatórios sobre o surgimento de flores ou frutos. Assim, pesquisas foram encaminhadas à Fepagro junto à Embrapa para apurar a qualidade do solo gaúcho à cultura e quais as variedades da fruta mais adequadas ao clima local.

A representante da Fepagro, Bernadete Radin, disse que há um projeto já aprovado em andamento. "Estamos analisando 11 variedades de olivas cultivadas em diferentes regiões, monitoradas por 14 pesquisadores", destacou. Radin explica que todo este empenho é imprescindível para um bom manejo da cultura e a colheita de bons resultados.

O técnico da Emater/RS-Ascar, Antônio Conte, observou que todas as mudas cultivadas no Estado são importadas, vindas da Itália, Espanha, Grécia, Chile e Argentina. Como a planta demora três anos para entrar em produção, o técnico alerta que é preciso ter cautela para, antes de investir na cultura, avaliar como será a sua resposta efetiva. "Há um grande interesse dos produtores pela cultura, mas ela ainda é uma novidade que necessita de muita pesquisa", advertiu. Conte falou que há 30 tipos de cultivares sendo plantadas em diferentes municípios. "Daqui a pouco tempo, poderemos saber a resposta deste plantio", avisou.
Em visita a Caçapava, Machado foi ao interior do município, em Rincão de Lourdes, conferir a produção de Décio Godinho, um dos primeiros a apostar no cultivo das oliveiras. Na propriedade, o secretário observou os diferentes estágios das plantas, com idades variando de três a um ano. "Não é fácil, estamos aprendendo na prática, com nossos próprios erros", comentou o agricultor.
Ele falou ao secretário que a grande dificuldade enfrentada pelos olivicultores é a falta de técnicos e de conhecimento especializado sobre o assunto no Brasil e no Rio Grande do Sul. De acordo com o produtor, um hectare pode receber até 500 mudas de oliveiras. "Cinco hectares são suficientes para se viver o ano todo. É daqui que vamos tirar nossa aposentadoria", disse Godinho.
Caçapava do Sul quer ficar conhecida como a capital nacional das oliveiras. "Em breve, seremos uma atração mundial no plantio de oliveiras", previu o prefeito José Erli Pereira Vargas.
Fonte: Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Agronegócio