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quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Microcrédito: 60% encontram saída da pobreza


Em 45 meses, probabilidade de cearense sair da pobreza pelo microcrédito é de 60,2%. Média no NE é de 47,4%

Há dez anos o mercadinho Valdir, no bairro Vicente Pinzón, se resumia a um pequeno ponto alugado e dispunha de apenas uma mesinha de madeira para atender os clientes. Hoje, o comércio ocupa mais de 40 metros quadrados em imóvel próprio, tem caixa, freezer e digitadora entre outras melhorias.

Além do próprio trabalho, o proprietário Valdir Floriano Arcanjo atribui o crescimento do negócio à injeção de recursos por meio de microcrédito.

Arcanjo faz parte do universo de nano empresários que melhoraram suas condições de vida após recorrer ao crédito. De acordo com um estudo do LEP (Laboratório de Estudos da Pobreza), da Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Ceará (Caen/UFC), no âmbito do programa de microcrédito do BNB (Banco do Nordeste), o CrediAmigo, metade dos clientes deixam de ser pobres em até cinco anos.

No Ceará, onde o programa foi implementado primeiro, de forma experimental, o ritmo é mais acelerado do que no restante da região. Em 45 meses, a probabilidade de um cearense sair da pobreza utilizando o microcrédito é de 60,27%, enquanto a média do Nordeste é de 47,49%. No total, a pesquisa tomou como base 170.495 clientes do CrediAmigo que estavam ativos em dezembro de 2006 e em qualquer parâmetro adotado para definir a pobreza, os resultados foram positivos.

Considerando como critério os que ganham menos de um salário mínimo (R$ 175), utilizado internacionalmente, 48,1% conseguiram abandonar a pobreza, apontou o estudo.

Se levado em conta o padrão do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que diferencia os padrões de vida entre os estados (R$ 159,43), a proporção sobe para 50%.

O melhor resultado, já esperado pela definição da própria linha foi o critério adotado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), que além dos padrões de vida é condicionada pelas necessidades nutricionais. Neste caso, a renda familiar per capita que determina a pobreza fica em R$ 115,88. Considerando esse valor, 60,8% dos clientes do CrediAmigo deixaram de ser pobres.

A pesquisa avaliou a evolução dos micro empreendedores de 1998 a 2006 e os dados são deflacionados pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

A saída da pobreza é mais favorecida nos primeiros cinco anos de programa. Nesse período, uma média de 8% a 9% dos clientes ultrapassam a linha da pobreza anualmente, mas essa velocidade é reduzida a partir do quarto ano. ´Infelizmente, se o negócio não dá retorno em até quatro anos, provavelmente não dará mais. Por isso, creio que haja esse amortecimento´, comenta o economista Marcelo Teixeira, um dos autores do estudo e também gerente de Microfinanças do BNB.

´O microcrédito impulsiona o empreendedorismo latente dos mais pobres, potencializando seus poucos atributos produtivos´, afirma o economista Ricardo Soares, um dos autores do estudo. Os resultados levaram o grupo de pesquisadores a questionar se a concessão de crédito não seria uma alternativa viável ao Bolsa Família e outros programas de transferência de renda mantidos pelo governo federal. ´Seria uma contrapartida mercadológica, não só social, sem custo fiscal para o País´, argumenta o professor Flávio Ataliba, que também participou do estudo.

Mônica Lucas
Repórter

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