Projeto de Assentamento comemora entreposto de mel

As 23 famílias do Projeto de Assentamento (PA) Laje do Meio, no município de Apodi (RN) comemoram a inauguração do primeiro Entreposto de Mel da região. A obra é resultante da organização das famílias assentadas, da qualidade do mel extraído e de investimento feito pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), no Território da Cidadania do Sertão do Apodi.

A obra integra a política de organização sustentável da produção, desenvolvida no âmbito do Programa Territórios da Cidadania. Criado em 1998, o PA Laje do Meio tornou-se referência em apicultura no município de Apodi, tendo como iniciativa pioneira o beneficiamento de mel em sachê, realizado pelo grupo de mulheres moradoras da comunidade. Com a inauguração do Entreposto, o assentamento vai impulsionar a produção local, da região e do Estado.

O agronomo da ONG Terra Viva, Francisco Gonçalo Filho, explica que a entidade oferece assessoria técnica às famílias beneficiadas, contratada por meio programa Dom Helder Câmara. Ressalta, ainda, que o Entreposto de comercialização cumpre as normas do Sistema de Inspeção Federal (SIF), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o que habilita os assentados a venderem mel de alta qualidade para qualquer lugar do Brasil e até do mundo. Só na safra deste ano, foram comercializadas 235 toneladas de mel produzidos em Laje do Meio e demais assentamentos da vizinhança, organizados pela Cooperativa da Agricultura Familiar de Apodi (Cooafap).

Os depoimentos dos assentados confirmam os números e dão a dimensão da melhoria na qualidade de vida da comunidade. “Minha vida melhorou muito depois que comecei a trabalhar com mel, só nessa safra, colhi a produção de 118 colméias existentes no meu lote. Na semana passada, nossa cooperativa vendeu mais de 30 mil toneladas para o Estado de Santa Catarina”, afirma orgulhoso José Mendes, 48 anos, residente em Laje do Meio desde seu início do PA.

Outra moradora satisfeita com a nova vida é Lindalva dos Santos, 39 anos, há dois, trabalhando com mel e, atualmente, uma das responsáveis pela embalagem do produto em formato de sachê. “Antes de morar no assentamento não sabíamos o que era uma colméia, hoje somos profissionais”. Relato semelhante é o da agricultora Jonaide Costa, de 27 anos, uma das expositoras incumbidas de vender os produtos de mel (favos enlatados, garrafas e sachês) durante os eventos e feiras que os assentados participam. “As pessoas reconhecem a qualidade de nossos produtos, estamos vendendo muito bem e a tendência é melhorar cada vez mais”, afirma.

Além do incentivo comercial, que valoriza o produto em conseqüência do selo do SIF, o mel extraído no assentamento Laje do Meio vai para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do Governo Federal, abastecendo escolas, creches e abrigos de idosos em várias cidades do Rio Grande do Norte.