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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Embrapa Florestas mostra como controlar vespa-da-madeira no Tecnoeste 2009


A Embrapa Suínos e Aves, unidade descentralizada da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), será parceira da 8ª edição do Tecnoeste 2009 - Show Tecnológico Rural do Oeste Catarinense, que acontece nos dias 18, 19 e 20 de fevereiro, na área próxima ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologias Catarinense – Campus Concórdia (SC). Na oportunidade, a Embrapa será representada por três unidades da região Sul: Embrapa Florestas (Colombo - PR), Embrapa Suínos e Aves (Concórdia - SC) e Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves - RS), que apresentarão tecnologias voltadas para o aumento do sucesso na produtividade.



Durante o Tecnoeste 2009, a Embrapa Florestas estará apresentando o projeto Florestas Energéticas e Manejo Integrado de Pragas visando o controle da vespa-da-madeira (Sirex noctilio), em Pinus.

O projeto Florestas Energéticas é multi-institucional e conta com a participação de cerca de 70 empresas públicas e privadas de todo país lideradas pela Embrapa Florestas, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), Embrapa Meio Ambiente e Embrapa Agroindústria de Alimentos.

FLORESTAS E AGROENERGIA

Um dos maiores desafios deste século é a produção de energia renovável e sustentável, tanto no aspecto econômico quanto ambiental. O eminente esgotamento das fontes de carbono fósseis, principalmente o petróleo, apontado por pesquisadores para um prazo máximo de cem anos, torna este desafio ainda mais urgente. A atual crise de energia é acentuada pela instabilidade dos preços dos combustíveis fósseis, que são regidos pelo comércio internacional e afetados por questões políticas mundiais. Além disso, a sociedade mundial tem pressionado para o uso de energia limpa.

Diante desta realidade, o Brasil tem ocupado papel de destaque no cenário mundial pelo seu potencial e competência para realizar a transição da matriz energética de uma forma mais segura e menos traumática para a qualidade de vida, com garantia de abastecimento energético. Este potencial está baseado em quatro pilares: biodiesel; etanol; espécies alternativas e resíduos; e florestas energéticas.

A biomassa florestal é fonte renovável e tem balanço nulo no efeito estufa quando usada para energia e é excelente fixadora de carbono quando empregada para outros fins.

O Brasil possui florestas plantadas com potencial de crescimento e produtividade e extensas áreas com florestas nativas que podem ser manejadas de forma sustentável. Tais fatos trazem perspectivas animadoras ao país em relação à produção de biomassa para energia, com vantagem competitiva no cenário mundial.

Os usos da energia gerada pela biomassa florestal são diversos: desde lenha para abastecimento de residências, propriedades rurais e pequenas indústrias até produção de bio-óleo, briquetes e carvão vegetal. Tais usos podem ser melhorados e potencializados e, para isso, o País precisa investir em pesquisa científica.

Com amplitude nacional e subdividido em cinco projetos componentes, interrelacionados, os grandes desafios do projeto são a produção de biomassa em escala, o desenvolvimento de tecnologias de conversão de biomassa em energia e o monitoramento ambiental, de forma sustentável. Seu objetivo é desenvolver, otimizar e viabilizar alternativas ao uso de fontes energéticas tradicionais não-renováveis por meio da biomassa de plantações florestais de forma sustentável.

Os projetos componentes são interrelacionados e se propõe a:

Estruturar, nas diversas regiões do País, populações de espécies florestais para oferta de germoplasma com tecnologias silviculturais apropriadas e necessárias à expansão de plantios de florestas para a produção de biomassa em quantidade e qualidade apropriadas para uso energético;

Desenvolver, otimizar e viabilizar alternativas de uso da biomassa florestal, como fonte renovável, para diversificar a matriz energética nacional de forma sustentável;

Obter produtos de alto valor agregado da biomassa florestal, destinados a geração de energia, por meio do aprimoramento de tecnologias ou ajustes de processos para a obtenção de um extrato enzimático rico de atividade celulolítica e seu efeito na hidrólise de uma matriz lignocelulosica pré-tratada, pirólise, acidólise e oxidação parcial utilizando a mesma matriz;

Efetuar estudos sobre a viabilidade, competitividade e sustentabilidade das cadeias produtivas de plantios florestais energéticos, bem como dos co-produtos resultantes na obtenção de biocombustíveis.

O PROJETO

Os plantios de pinus, no Brasil, após um período bastante longo estiveram livre de pragas, tanto as nativas como as exóticas. Entretanto, com a introdução da vespa-da-madeira, Sirex noctilio em 1988, esses plantios passaram a ter sua produtividade ameaçada, havendo um risco de perdas potenciais de até R$ 54 milhões/ano, nos 450.000 ha, atualmente com a presença da praga, na região Sul. Graças ao Programa Nacional de Controle a Vespa-da-Madeira, essas perdas são reduzidas em mais de 70%.

Os principais danos provocados por este inseto são: perfurações na madeira, realizadas por larvas e adultos; deterioração da madeira, devido à ação do fungo simbionte Amylostereum areolatum e a ocorrência de partes debilitadas nos locais onde são realizadas as posturas, sendo também esta uma porta de entrada de patógenos secundários, que comprometem a qualidade da madeira, limitando o seu uso, ou tornando-a imprópria para o mercado.

O estabelecimento e dispersão da praga no sul do país, foi facilitado pela presença abundante de hospedeiros do gênero Pinus, pelas condições precárias do manejo florestal (principalmente desbastes atrasados) e pela ausência de inimigos naturiais. Devido as condições favoráveis de estresse dos plantios e por ter sido a primeira praga exótica de importância, a introdução da vespa-da-madeira significou uma mudança de paradigma na silvicultura de Pinus spp. no Brasil.

A vespa-da-madeira é uma praga secundária na região de origem (Europa e Ásia), que tornou-se importante nos países onde foi introduzida. Isto indicava que era fundamental a criação de mecanismos de resistência ambiental, para minimizar os seus efeitos daninhos. Desta forma, logo após a identificação, feita pela Embrapa Florestas, estabeleceu-se uma parceria entre órgãos públicos e privados para a criação de um programa de P&D visando a geração, adaptação e difusão de tecnologias, para o monitoramento e controle da praga.

Com o apoio das três associações de reflorestadores da região Sul, integrados na Associação Sulbrasileira de Reflorestadores, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), das Secretarias da Agricultura e da Embrapa Florestas, foram traçadas as primeiras ações de combate à praga. Estipulou-se também, normas para o transporte de madeira de área atacadas para áreas indenes.

Em 1989, foi instituído o Programa Nacional de Controle à Vespa-da-Madeira (PNCVM), através da Portaria 031/89 do MAPA e o Fundo Nacional de Controle a Vespa-da-Madeira (FUNCEMA), com a devida aprovação das ações de pesquisa e desenvolvimento propostas pela Embrapa Florestas.

O programa de Manejo Integrado de Sirex noctilio, desenvolvido pela Embrapa Florestas, foi o primeiro programa de MIP, que com o emprego de diferentes técnicas de monitoramento e controle, foi utilizado para o controle de uma praga florestal no Brasil. Estas técnicas face ao seu caráter inovador contribuíram de forma marcante também na capacitação, tanto dos engenheiros e técnico florestais e agropecuários, como também, para os demais trabalhadores rurais.

As estratégias de manejo integrado de pragas para o controle da vespa-da-madeira envolvem:

1) mapeamento de todas as áreas de Pinus spp., na região sul do Brasil;

2) monitoramento, através de árvores-armadilha, para detecção precoce da praga em regiões próximas ao seu limite de dispersão e, em áreas de fronteira. Esta medida foi essencial para o sucesso do programa de controle biológico que está associado diretamente à detecção precoce da praga;

3) a melhoria das condições de manejo florestal, principalmente os desbastes, visto que, árvores dominadas, bifurcadas ou danificadas por fatores bióticos ou abióticos, são mais susceptíveis. Face ao caráter oportunista da praga, a prevenção de danos economicamente importantes é um problema de manejo, que pode ser minimizado pela vigilância dos plantios e pela adoção de tratos silviculturais, para manter o vigor das árvores;

4) controle biológico com a introdução do nematóide Deladenus siricidicola e de um parasitóide, a vespa Ibalia leucospoides. A introdução desses agentes de controle biológico, permitiu que fossem atingidas porcentagens altas de parasitismo, chegando-se, em alguns locais, a indices próximos a 100%;

5) monitoramento das estratégias de controle e mapeamento das áreas de ocorrência da praga. Estas atividades são realizadas anualmente pelas empresas, Secretarias da Agricultura, Ministério da Agricultura e Embrapa Florestas, a fim de se avaliar o programa em suas várias etapas ;

6) estabelecimento de medidas quarentenárias para evitar a dispersão da praga para áreas indenes, através de portaria que restringiu a movimentação de madeira atacada e de seus produtos e,

7) estabelecimento de um intensivo programa de transferência de tecnologia, principalmente, treinamentos para o monitoramento e controle da praga, elaboração de publicações, folder e vídeos e divulgação na imprensa.

Paradoxalmente, a presença desta praga no Brasil, proporcionou uma melhoria substancial na silvicultura de pinus, devido à conscientização da importância do manejo florestal no controle da praga. Desta forma, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) passou a ser uma ação prevista e obrigatória nos programas de Manejo Florestal. Pode-se afirmar que a vespa-da-madeira trouxe um benefício à silvicultura nacional, tornando-se a responsável por esta mudança de mentalidade do produtor florestal.

FONTES

Embrapa Florestas
Katia Pichelli - Jornalista
Telefone: (41) 9977-5787

Embrapa Suínos e Aves
Jean Carlos Porto Vilas Boas Souza - Jornalista
Ana Paula Heckenblaikner - Estagiária
Telefone: (49) 3441-0400 – Ramal 474
jeanvb@cnpsa.embrapa.br

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