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domingo, 5 de abril de 2009

Conheça a fazenda que virou cenário da novela Paraíso

A rotina da Fazenda Santa Cecília está de pernas pro ar com os cavalos pantaneiros trazidos de Mato Grosso especialmente pra gravação. E a mistura de atores, músicos, peões de verdade e agricultores da cidade.

O caminhão que serpenteia entre as montanhas do estado do Rio de Janeiro leva doze cavalos. Eles seguem para o município de Miguel Pereira, para um serviço bem diferente.

Mas, vamos apear primeiro, afinal foram horas de viagem. Enquanto os cavalos se recuperam, a gente passeia um pouco.

Estamos na Fazenda Santa Cecília, construída no século 18, bem ao lado do rio Santana. Seu apogeu foi durante o ciclo do café. Mas, desta época, só restou a velha máquina de costurar sacas.

No jardim, a capela de arquitetura moderna surpreende. Construída em 1989 ela tem na parede um painel de azulejos pintados em homenagem a Santa Cecília e a assinatura do autor do projeto, Oscar Niemeyer. Curioso pra saber como o arquiteto famoso fez uma capela, tão singela? A dona da fazenda explica.

“O meu pai foi ministro da Cultura, governador do Distrito Federal e foi nesta época que ele se aproximou de Niemeyer e quando eu fiz 15 anos ele me deu esta jóia que é esta capela”, conta ela.

As palmeiras imperiais enfeitam a entrada da sede, que, com os anos, passou a funcionar como hotel fazenda.

E foi a beleza do prédio histórico que trouxe pra cá uma nova fonte de renda.
Repare bem no casarão. Reconhece de algum lugar?

Esta é a casa do seu Eleutério, o personagem de Reginaldo Faria na novela Paraíso. Segundo a lenda, o fazendeiro fez pacto com o diabo e mora no casarão com o filho, o peão Zé Eleutério, conhecido como Filho do Diabo, um funcionário, a empregada e a filha dela.

Pra virar cenário, o casarão passou por uma maquiagem: de cor de rosa para amarelo. Mas rotina de fazenda de novela é bem diferente da vida de fazenda de verdade.

Oito horas da manhã. A essa hora o povo da roça já estaria de pé faz tempo. Já teria ordenhado a vaca e estaria aproveitando o sol mais fraquinho para trabalhar na lavoura, mas no set de gravação de Paraíso, a esta hora está tudo vazio.

Atrás do casarão, o trabalho com os cavalos já começou. Estes são os cavalos da comitiva de peões que transportam o gado pelo Pantanal.

Sete cavalos pantaneiros foram trazidos de Mato Grosso. Agora vivem no Rio de Janeiro, no rancho do seu Nori, que escolheu os animais especialmente pra novela.

“São animais dóceis, muito calmo e se adaptaram muito bem, da maneira como foram adestrados facilitou muito o nosso trabalho”, explica.

Os preparativos para a gravação incluem uma aparada nos pêlos... Uma checada nas ferraduras... E muito cuidado com as tralhas dos peões.

Aqui, peão de verdade tem que estar preparado pra cuidar dos animais e, de vez em quando, entrar em cena na novela.

Aos poucos, os atores vão chegando. O cantor Daniel, que interpreta um dos peões da comitiva, confere a espora que pretende usar.

“Dá uma animadinha no bicho, lá no Pantanal, no habitat dele é impressionante a resistência que ele tem, você lava o cavalo de manhã e começava o gravar, ficava o dia todo no cavalo, dentro d’água, fora d’água e ele tem um casco diferente... se você fizer isso com um quarto de milha ele não agüenta”, diz Daniel, cantor e ator.

Outros dois músicos fazem parte da comitiva. O peão Juvenal, interpretado por Yassir Chediak. E, o peão Tiago, vivido por Rodrigo Sater. Sim, ele é irmão do compositor Almir Sater. Os dois também colaboraram na trilha da novela.

“O convite para fazer o peão veio primeiro que o para fazer a trilha, mas isso maravilhoso poder unir as duas coisas”, Rodrigo Sater, músico e ator.

Agora sim. O set de gravação está fervilhando. Ângela Pralon é produtora de arte assistente e foi até o Mato Grosso para escolher as tralhas de cada peão.

“Existem pequenas diferenças nos acessórios, porque normalmente são os próprios peões que fazem as suas tralhas, tanto que a gente foi pra lá com a intenção de trocar, de pegar coisas usadas e era difícil porque eles não queriam abrir mão”, conta ela.

Os peões da comitiva montam seus cavalos. Alguns com intimidade, outros, nem tanto... Parece que a gravação agora vai...

Todos os detalhes são observados e até o que seria normal numa fazenda é rapidamente tirado de cena.

Dentro de uma barraca preta, o diretor acompanha a cena, cercado por pessoas que checam a luz, a continuidade, o texto... Tudo sob controle, ou quase tudo. E na hora que chove, tirar o cavalinho da chuva deixa de ser só uma expressão.

O vento também atrapalha... E até o sol quando é demais precisa ser coberto e substituído por luz artificial. Um desafio pra qualquer diretor.

“Às vezes ele está sempre jogando a favor em outros sempre contra”, declara Pedro Vasconcelos, diretor.

A varanda é a parte mais usada durante as gravações e só a fachada do casarão é que vai aparecer e logo atrás da porta, foram feitas três paredes de mentira, de madeira pintada, são elas que impedem a visão do interior da casa, todas as cenas internas são gravadas em estúdio no Rio de Janeiro.

Os 20 quartos do casarão foram ocupados pela equipe. Alguns cômodos viraram depósito de equipamentos, camarim e sala de maquiagem. A área do fundo do casarão foi tomada por veículos, gerador, curiosos.

Na frente das câmeras, uma fazenda normal. Mas uma normalidade que vem da cuidadosa combinação de muitos elementos.

As imagens mostram uma cena. Ao fundo, dá pra ver uns boizinhos. Um detalhe. Pois pra coordenar este detalhe, Goretti de Medeiros sua.

Pra Goretti, o rebanho é um grupo de figurantes. “Eu já tinha trabalhado com figuração de vaca na Sinhá Moça e é mais fácil, as pessoas são muito complicadas...”, conta.

Num ambiente mais controlado, Goretti pode dizer que é mais fácil. Mas, pra fazer estas cenas, no Pantanal, a equipe sofreu.

“Quase que teve que ser cancelada, enfim porque a boiada trabalhando, a gente marca o trajeto, ela explode, vai para outro lugar se espalha todo mundo, uma hora para voltar tudo”, diz Manoel Castro, assistente de câmera.

Enquanto a gravação continua na frente do casarão, tem um lugar onde o trabalho não para, é a cozinha. Só para o almoço de hoje estão previstos mais de cem pessoas.

Técnicos e atores enchem o refeitório e o prato. E é nesta hora de folga, que vamos descobrindo um pouquinho de roça nos atores.

Se os atores imitam a gente do campo, tem gente da roça fazendo papel de equipe de tevê. Alguns que empurram a grua, uma espécie de gangorra pra fazer imagens do alto, são da zona rural de Miguel Pereira.

“Quando você vê na TV você pensa que é fácil, mas quando você faz vê que não é tão simples assim”, conta um trabalhador.

Os figurantes também. A chegada da ambulância agita a equipe, mas não é ninguém passando mal, não. Ela vai fazer parte da cena. A placa do Rio de Janeiro é coberta por uma placa de Cuiabá. E dá-lhe barro pra ficar mais realista, barro trazido de outra cidade do Rio.

A ambulância tem papel importante. Traz o peão Dotô, Zé Eleutério, que acabou de levar um tombo de um touro.

Na vida real, Eriberto Leão diz que nunca sofreu um acidente enquanto montava e parece estar em sintonia com o cavalo escolhido pra ele.

“É um puro sangue pantaneiro e ele é um ótimo ator. Já no primeiro dia de gravação ele já não se assustava com a equipe, porque tem um monte de equipamentos em volta, mas ele tem uma cavalgada muito boa, é um cavalo muito resistente e muito bonzinho e amoroso”, diz Eriberto Leão, ator.

A noite chega com mais cenas por fazer. E o novo trio de músicos-peões aproveita qualquer tempinho pra ensaiar.

O casarão é todo iluminado. Até o telhado ganha um banho de lua com o balão cheio de luz.

E as gravações não começaram logo de manhãzinha, varam a noite e entram pela madrugada.

No dia seguinte, hora de desmontar tudo. O peão de mentirinha se despede do calado peão de verdade, que serviu de inspiração.

Foi um calado peão de verdade que inspirou Eriberto Leão a criar seu peão de mentirinha, em outra novela rural.

“Ele que cuidava dos cavalos e eu me baseei muito nele para fazer o Tomé, a alma do Tomé vem muito da alma do Zé. É a honra a força e a coragem e a pureza, que não tem nada a ver com ingenuidade. E não é que quando eu cheguei na festa de Paraíso eu choro? Fiquei emocionado!”, conta Eriberto.

E a vida vai voltando ao normal na Fazenda Santa Cecília. Pelo menos, até a próxima semana de gravação

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