Os prejuízos com a paralisação dos servidores do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea) – que inclui também os fiscais agropecuários – podem chegar a R$ 22,84 milhões/dia por conta das 17 mil cabeças que devem deixar de ser abatidas no Estado até o final desta semana. A greve do Indea foi deflagrada ontem e tem previsão de durar pelo menos três dias. Como os servidores só deverão voltar ao trabalho na próxima segunda-feira – caso haja um acordo com o governo do Estado – cerca de 85 mil animais podem ficar fora do abate, totalizando perdas de R$ 114,20 milhões para o setor em um prazo de cinco dias.
Com a paralisação, o Indea deixará de emitir a Guia de Trânsito Animal (GTA), documento obrigatório para os animais que saem das fazendas. Sem a GTA, o trânsito é proibido. Os servidores reivindicam do Estado a implantação do plano de cargos, carreira e salários (PCCS).
“A situação é realmente preocupante”, admitiu ontem o presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado (Sindifrigo), Luís Antônio Freitas Martins. Segundo ele, os estoques reguladores dos frigoríficos seriam suficientes só para três dias. “Se a greve continuar na próxima semana, teremos sérios problemas, pois muitos frigoríficos possuem contratos de exportação e de vendas para o mercado interno, além de destinar parte da produção para o mercado local”.
Para ele, governo e representantes dos servidores devem chegar a um consenso imediatamente. “Não podemos ficar parados por um período mais longo”.
Luís Antônio alertou que mesmo que a greve dure apenas três dias, algumas regiões com abate municipal terão problemas de abastecimento, pois os municípios não possuem estoque regulador.
A indústria frigorífica de Mato Grosso emprega atualmente cerca de 20 mil funcionários. “Com a greve, esta mão-de-obra vai ficar parada e teremos que bancar todo o prejuízo”.
O setor continuará recolhendo impostos para o governo mesmo sem trabalhar. De acordo com informações do Sindifrigo, R$ 110 milhões é o que as indústrias recolhem mensalmente em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para o governo pelo regime de estimativa. “Trabalhando ou não, somos obrigados a repassar este valor para a Secretaria de Fazenda”, informa o secretário do Sindifrigo, Jovenino Borges.
Ele disse que diariamente são abatidas cerca de 17 mil cabeças em Mato Grosso, visando o abastecimento interno e a exportação. No total, 34 frigoríficos com inspeção federal do Ministério da Agricultura serão diretamente afetados pela greve.
PECUARISTAS – Os pecuaristas também estão apreensivos com a paralisação do Indea. Mário Cândia, presidente da Associação dos Criadores do Estado (Acrimat), diz que a greve “trará grandes transtornos ao setor”, parando a comercialização e movimentação de animais.
“Os pecuaristas estão preocupados com esta nova paralisação e esperam que o governo estadual chegue logo a um acordo com a categoria dos fiscais”, afirmou. A Acrimat estima que cerca de 45 mil cabeças deixarão de ser abatidas em Mato Grosso nos três dias de greve.
Para o diretor executivo da Associação dos Proprietários Rurais do Estado (APR/MT), Paulo Resende, o impacto será forte para toda a cadeia pecuária do Estado.
“Todos vão perder, desde o produtor até à indústria”, disse ele. Resende acredita, entretanto, em uma solução para a greve ainda esta semana.
EXPOAGRO – A 44ª Exposição Internacional, Agropecuária, Industrial e Comercial de Mato Grosso não será afetada pela paralisação, conforme nota divulgada ontem, pela assessoria do Sindicato Rural de Cuiabá, promotor do evento. A feira será realizada de 3 a 13 de julho, no Parque de Exposições Senador Jonas Pinheiro.
O presidente da Comissão de Animais da Expoagro, Marcos Tenuta, disse que “graças a compreensão e consideração dos servidores não seremos afetados pelo movimento reivindicatório, caso contrário a Expoagro estaria comprometida”.
26 de junho de 2008 - 09:01h
Autor: Diário de Cuiabá
quinta-feira, 26 de junho de 2008
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