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quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Sanidade em suínos


A saúde dos suínos depende do equilíbrio entre vários fatores entre os quais podem ser citados alimentação, água, instalações, e manejo. Convém lembrar que sanidade é apenas um elo da cadeia de produção, entretanto, a ocorrência de enfermidades importantes em uma propriedade, muitas vezes, passa a dar prejuízo ao negócio. Em sanidade, é importante destacar as principais enfermidades que acometem os suídeos (suínos e javalis), no Estado de São Paulo e que podem ser de origem viral, bacteriana e parasitária.

Peste suína clássica - Podemos afirmar que foi a enfermidade que mais prejuízos causou a suinocultura deste Estado. Devido ao caráter altamente contagioso, dizimou centenas de animais durante as longas décadas em que o vírus circulou no plantel. Os sinais clínicos têm início com febre alta, mancha vermelha arroxeadas na pele, andar cambaleante, diarréia fétida, inapetência, prostração e morte num período de sete a 15 dias. Apesar de o suinocultor ter acesso a prevenção através da vacinação, muitos por displicência não o faziam, contribuindo assim, para o surgimento dos inúmeros focos observados durante vários anos. Não raras foram as ocasiões, em que se uso o soro hiperimune na tentativa de minimizar as perdas, uma vez que conferia uma imunidade quase que imediata. Foi graças a um esforço da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Estado de São Paulo que envolveu a Defesa Sanitária do Estado, a Associação Paulista de Criadores de Suínos e, principalmente, ao suporte laboratorial prestado pelo Instituto Biológico na realização do diagnóstico, a enfermidade foi erradicada em 2001. Atualmente, o Instituto Biológico monitora a doença, principalmente nas Granjas de Reprodutores Suínos Certificadas (GRSC), através da pesquisa de anticorpos no soro.

Doença de Aujeszky - Desde 1943, quando foi relatada pela primeira vez no Estado de São Paulo tem ocorrido em focos esporádicos, prejudicando as tentativas de sua erradicação. O vírus da Doença de Aujeszky, quando ocorre em um plantel tem a particularidade de deixar o suíno adulto portador. Nestes animais, o vírus se localiza nas amídalas e toda vez que estes animais são submetidos a situações de stress, como mudanças bruscas de temperatura, mudanças na alimentação, transporte, passam a eliminar o vírus e o foco se instala na propriedade. É uma enfermidade que interfere diretamente na reprodução dos suínos por causar principalmente abortamento, leitões fracos que nascem com tremores e morte nos primeiros dias de vida. A mortalidade é alta e, quando afeta um plantel sem imunidade, acarreta a perda de todos os leitões nascidos em uma maternidade. A prevenção é feita através da vacinação, que impede o aparecimento dos sinais clínicos. A vacina só pode ser adquirida mediante um laudo laboratorial que ateste o isolamento do vírus. Neste Estado o Instituto Biológico é a entidade oficial para a realização dos exames. Medidas visando à erradicação desta enfermidade estão sendo adotadas pelas autoridades. Assim sendo, as propriedades onde existem animais reagentes aos testes laboratoriais, são interditadas e os animais enviados ao abate.

A Doença de Aujeszky também é conhecida como peste de coçar e em outras espécies como bovinos, cães e coelhos (inoculação experimental), ocasiona intenso prurido e morte em 24 horas. Em muitas ocasiões se pode suspeitar da ocorrência da doença numa propriedade, pelo simples relato do desaparecimento de cães que devido à forte coceira ficam desesperados e vão morrer em locais distantes. É de importância ressaltar que apenas na espécie suídea a Doença de Aujeszky causa problemas reprodutivos.

Parvovirose Suína

A parvovirose suína é uma importante virose que somente na espécie suína está relacionada com transtornos reprodutivos. Quando uma fêmea em gestação é infectada, o vírus atravessa a placenta e se multiplica lentamente no útero. Assim sendo, nesta enfermidade é comum se observar além do abortamento, fetos mumificados em vários estágios. Se a gestação chega ao término, pode acontecer ainda, a presença de mumificados, leitões vivos normais, leitegada fraca e de tamanho reduzido. Suspeita-se da circulação do vírus em uma criação, quando além dos sinais clínicos descritos, existe a presença de animais com diferentes níveis de anticorpos, detectados pelo diagnóstico laboratorial. Os suínos se contaminam através da ingestão de restos de placenta no momento do parto. O controle da parvovirose suína é feito através da vacinação de todo o plantel reprodutor antes da cobertura. Existem no mercado vacinas polivalentes que protegem contra a parvovirose e outras enfermidades. Assim, orienta-se a vacinação a fim de que todos os suínos apresentem níveis de anticorpos elevados e uniforme.

Circovirose suína

A Circovirose suína, também é conhecida como Síndrome de Refugagem Multissistêmica Pós-desmame (PMWS). Em decorrência dos vários relatados clínicos, esta doença vem sendo mais estudada com maior atenção nos últimos anos no Estado de São Paulo. Tem sido observada, principalmente, em criações com alta densidade de animais. Nesta enfermidade, o que mais chama a atenção, é a magreza progressiva dos animais impedindo que estes atinjam o peso ideal quando da idade para o abate. O aumento de animais refugo na propriedade bem como as alterações respiratórias, digestivas, cardíacas, renais, dérmicas, articulares, entre outras, pode ser um indício da ocorrência da infecção. Estes sinais podem surgir entre cinco e 13 semanas de vida. O período mais crítico para os animais é entre 11 e 13 semanas, quando ocorre o maior número de mortes. Por causar alterações no sistema imune, os suínos afetados ficam sujeitos a várias infecções por diversos agentes bacterianas. Observou-se em criações onde o vírus é identificado, o envolvimento de uma série de outros patógenos que além de agravar o quadro dificulta a elucidação do diagnóstico. Vacinas produzidas a partir do isolamento do vírus da propriedade ( auto vacina), têm sido utilizadas com algum efeito em plantéis que sofrem infecção severa. Recentemente, em 2007, foi lançada no mercado uma vacina comercial que já está sendo utilizada em algumas propriedades onde a circovirose se constitui problema.

Rotavirose suína

O rotavirus é responsável por severas diarréias geralmente, de cor amarelada ou esverdeada com presença de leite coagulado, principalmente, em leitões de duas a seis semanas de vida. Os leitões podem apresentar ainda, vômitos e falta de apetite. Em casos de focos 70 a 80% dos leitões podem ser afetados. O vírus se transmite aos leitões, principalmente, através das fezes. Fêmeas adultas podem também ser portadoras eliminando o vírus e contaminado a leitegada. Lembramos que por se tratar de uma zoonose e por não existir vacina no mercado, resta como prevenção medidas de limpeza e higiene.

Doenças bacterianas

Brucelose

É uma importante zoonose( transmitida ao homem pelos animais), que muitos prejuízos tem causado à suinocultura do Estado. Esta enfermidade tem causado grandes prejuízos para a reprodução dos suínos por causar retorno ao cio sendo este, muitas vezes, o único sinal ou pode causar ainda, abortamento que geralmente ocorre cerca de 35 dias de gestação. Nos machos reprodutores pode causar além de infertilidade, diminuição do apetite sexual e aumento dos testículos. A bactéria pode ser transmitida através do sêmen de um reprodutor que pode permanecer infectado por vários anose assim, infectar centenas de fêmeas através da cobertura ao longo de toda sua vida. Os suínos, assim como outros animais, podem se infectar também ao ingerir alimentos, água e restos placentários contaminados com a bactéria. Há alguns anos atrás, ao visitar uma propriedade com brucelose nos suínos se constatou que também os bovinos, búfalos, cavalos, cães e inclusive o tratador estavam infectados. Naquela ocasião, houve relato da compra de suínos sem a devida exigência de exames laboratoriais que é uma das maneiras de se garantir uma propriedade livre da doença. Assim sendo, uma vez que não existe prevenção através da vacina, se recomenda a realização da sorologia e o descarte para o abate dos animais positivos

Leptospirose

Assim como a brucelose a leptospirose também afeta a reprodução dos suínos podendo neste caso, além do aborto, causar natimortos, fetos mumificados e leitegada fraca. Pode se observado ainda, nos suínos infectados, uma cor amarelada na pele. O suíno se infecta com a leptospira através de alimentos e água contaminados com a urina de outro suíno infectado. O suíno no qual a bactéria se multiplica nos rins é considerado portador e elimina grande quantidade da bactéria através da urina por um longo período, podendo contaminar outros animais, inclusive o homem. Também podem ser considerados portadores os roedores e animais silvestres que de igual modo, eliminam a bactéria pela urina. Como na maioria das enfermidades, o controle da leptospirose é feito através da limpeza, higiene das instalações e um bom manejo onde não deve ser esquecido o exame sorológico. É muito importante que se realize o combate a roedores e recomendamos também o uso de vacinas existentes no mercado.

Tuberculose

Trata-se também de uma zoonose que tem grande importância em saúde pública. Em suínos a enfermidade pode passar despercebida, em virtude de não apresentar sinais clínicos aparentes, entretanto, por causar lesões em linfonodos, pulmão, fígado e baço pode ser suspeitada por ocasião do abate. É causada por agentes do gênero mycobacterium podendo o suíno pode se infectar ao ingerir alimentos como restos de restaurantes, hospitais, e disseminar a doença entre os demais. O diagnóstico no rebanho é realizado através do teste da tuberculina, onde a positividade é vista pelo aumento de volume no local onde foi realizado o teste. As provas laboratoriais são utilizadas para o isolamento da bactéria e os animais positivos são obrigatoriamente sacrificado.

Salmonelose

A Salmonelose ou paratifo dos leitões causa uma pneumonia conhecida popularmente por batedeira. É uma doença infecciosa que ocorre entre cinco semanas a quatro meses. O suíno pode apresentar a forma aguda onde se observa morte súbita ou acompanhada de enfraquecimento, dificuldade de locomoção e manchas avermelhadas na pele, principalmente orelha e barriga. Já na forma crônica, o que mais chama atenção é a febre, dificuldade de respiração, falta de apetite e diarréia líquida, esverdeada ou amarelada ou sanguinolenta e com mau cheiro. A enfermidade pode causar grande perda de animais e aqueles que sobrevivem se tornam refugos. O suíno se infecta através de alimentos contaminados ou pela introdução no plantel de outro suíno portador, que em situações de stress, passa a eliminar a bactéria. O controle da enfermidade deve ser feito através de rigorosas medidas tais como: vacinação nas fêmeas no último mês de gestação e, nos leitões, aos sete dias de vida com revacinação no décimo quinto dia. Higiene e desinfecção das instalações, separação e tratamento dos animais doentes, evitar o excesso de animais numa mesma baia, evitar juntar animais de fora da propriedade com os de dentro sem antes fazer uma quarentena.

Meningite estreptocócica

Esta doença tem sido freqüentemente observada em criações onde os suínos são mantidos com pouca ventilação e ou, com superlotação. A meningite estreptocócica afeta leitões tanto na maternidade como creche. Nesta enfermidade, também o suíno portador é o responsável pela disseminação da bactéria aos outros animais. Na primeira semana de vida os principais sintomas são tristeza, cerdas arrepiadas, tremores musculares e sensibilidade aumentada. Quando a doença ocorre em desmamados, os leitões apresentam falta de apetite, tristeza, febre, incoordenação de movimentos, decúbito lateral, movimentos de pedalagem e convulsão. Frente a estes sintomas o diagnóstico laboratorial é fundamental para indicar o tratamento específico, evitando-se desta forma o uso indiscriminado de antibióticos que, além de interferir com o diagnóstico, aumenta a resistência da bactéria. Para prevenção, já que não existe vacina disponível as boas práticas de manejo devem ser adotadas. Nesta enfermidade também é importante conhecer a procedência dos animais que deve ser de rebanhos livres. Também é aconselhável a manutenção das fêmeas por um longo período aumentando assim a imunidade do plantel.

Doenças Parasitárias

Cisticercose

O complexo teníase-cisticercose está ligado à maneira como os suínos são mantidos. Nos sistemas de produção onde os suínos são criados presos e não tem acesso a fezes humanas a doença é rara. A cisticercose suína é causada pela larva (fase jovem do parasita) de um verme conhecido como "solitária", causador da teníase humana. O nome científico desse verme é Taenia solium. Esse parasita, em sua fase adulta, é muito freqüente como agente de infecção intestinal de seres humanos, principalmente, em áreas rurais podendo se tornar um risco para a saúde de pessoas das áreas urbanas.

Se um suíno ingerir fezes humanas contendo ovos de tênia o animal se infecta e passa a ter cisticercose. Estes ovos da tênia são levados para os músculos dos suínos pela corrente sanguínea. Nos músculos dos suínos, os ovos desenvolvem-se e liberam as larvas que formam cistos dentro dos músculos (cisticerco), sendo a doença conhecida como cisticercose. Quando pessoas ingerem carne suína mal cozida, as larvas vivas que estão dentro dos cistos musculares se desenvolverão nos intestinos dessa pessoa e ao atingem a fase adulta são conhecidas como tingirão a Taenia solium, ou "solitária". Este é o modo pelo qual o ser humano pode adquirir o parasita ao ingerir carne de suíno mal cozida. Assim sendo, para evitar a enfermidade é importante a educação sanitária da população afim de que não permita que os suínos tenham contato com fezes humanas, se justificando a necessidade de manter os suínos presos em pocilgas limpas. A lavagem de vegetais que são consumidos crus e o tratamento com desinfetantes sempre que houver dúvida sobre sua qualidade e/ou origem, também é outra medida de segurança.

Toxoplasmose

É uma enfermidade que pode ocorrer em diversas espécies animais, inclusive no homem. Esta diretamente relacionada com a maneira pela qual os suínos são criados, pois, geralmente, é transmitida pelas fezes de gatos parasitados. Ambientes úmidos e quentes favorecem a transmissão da toxoplasmose facilitando que os cistos se tornem infectantes. Os suínos se infectam ao ingerir o cisto do toxoplasma. Em fêmeas prenhes o parasita pode atravessar a placenta e dependendo do estágio de gestação, ocorrem fetos mumificados e natimortos. Os suínos jovens podem se infectar apresentando febre, falta de apetite, dificuldade respiratória, e tosse. Os que sobrevivem podem ficar cegos e apresentar sinais nervosos. Pode acontecer ainda, que um rebanho infectado não apresente sintomas o que além de grave só pode ser detectado através de laboratório.

Sarna

O suíno é sensível a dois tipos de sarna, sendo a sarcóptica mais comumente detectada e a demodécica de rara ocorrência. Ambas provocam descamação por formarem verdadeiras galerias embaixo da pele e são causadas por um ectoparasita. Os animais doentes padecem de intensa coceira ocasiões em que roçam o corpo contra as paredes. A sarna pode atingir animais de todas as idades e a transmissão ocorre pelo contato entre os suínos. As fêmeas podem ser portadoras do ectoparasita no conduto auditivo, infectando assim os leitões. A doença também se espalha na criação através dos machos reprodutores que podem contaminar as fêmeas durante a cobertura. Os animais afetados ficam irrequietos, observando-se perda de peso, retardo no crescimento e aumento de refugos. O tratamento pode ser realizado através de injeções ou de banhos com sarnicidas.

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