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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Defesa Agropecuária - Festa do Boi terá redução de negócios


Mesmo com uma expectativa de realizar a maior Festa do Boi dos últimos dez anos, os organizadores do evento estimam que a geração de negócios será cerca de 30% menor do que teriam capacidade de alcançar. A causa é a demora na mudança de classificação do Rio Grande do Norte quanto à febre aftosa. Desde segunda-feira, dois técnicos do Ministério da Agricultura (Mapa) estão no estado fazendo uma auditoria que, espera-se, será a última levando o RN da “área de risco desconhecido” para o status de “risco médio”. Porém a visita chega tarde. Mesmo que o processo seja mais ágil, o prejuízo dos criadores não poderá ser reposto na edição deste ano da feira que está marcada para o próximo mês.

A 46ª Festa do Boi acontecerá no período de 11 a 18 de outubro, no Parque Aristófanes Fernandes. Todos os estandes já foram comercializados e a montagem de parte da estrutura foi iniciada esta semana em Parnamirim. A Associação Norte-rio-grandense de Criadores (Anorc) – responsável pelo evento - estima que aproximadamente 5 mil animais participem da exposição, entre caprinos, ovinos, bovinos e eqüinos. Ao todo, serão realizados sete leilões. Dois deles – um de cavalos Quarto de Milha, marcado para terça-feira, e outro de bovinos da raça Guzerá, na quarta-feira – serão transmitidos ao vivo pela TV através de emissoras de agronegócios.

“Esperamos que, somente com esses dois leilões, sejam comercializados mais de R$ 3 milhões”, declara o diretor de Relações Públicas da Anorc, Marcelo Abdon. A projeção de faturamento de toda a festa é estimada em R$ 15 milhões. Porém, a grandiosidade dos números esconde que eles poderiam ser ainda maiores. “Poderíamos alcançar cerca de 30% a mais do que esperamos se não fosse a questão da aftosa”. Isso significa uma perda é de R$ 4,5 milhões.

Uma amostra dos prejuízos é o anúncio de suspensão da segunda edição do Shopping Show Lanila, organizado pelo empresário Aberílio (Bira) Rocha. No ano passado, primeiro ano de sua realização, o leilão – voltado para criadores de caprinos e ovinos – superou as expectativas e vendeu 60% dos 300 animais colocados para negociação apenas no primeiro dia. Bira estima que, no ano passado, tenham sido alcançados R$ 200 mil em negócios. Este ano, se esperava atingir a marca de R$ 600 mil.

“O Shopping tem um custo elevado de organização e só se justificaria se o estado não estivesse na área de aftosa. Esperávamos que a mudança de classificação ocorresse cerca de 60 dias antes da festa, o que permitiria a presença de criadores de fora. Mas tivemos de cancelar a programação diante das incertezas”, afirma Rocha.

Devido à demora, o estado perdeu a presença de muitos criadores de animais puros da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Minas Gerais e São Paulo. “A festa não perde somente em termos financeiros, mas em qualidade porque poderíamos ter a presença de ótimos rebanhos do país, enriquecendo o evento”, lamenta Marcelo Abdon.

Política do Ministério é entrave para mudança

A política de defesa de sanidade animal adotada pelo Ministério da Agricultura parece ser o principal entrave para que a mudança de faixa do Rio Grande do Norte ocorra. Embora o estado já tenha cumprido todas as exigências, os técnicos do governo federal presentes no estado declaram que a evolução está fora dos objetivos do Mapa que seria mudar a classificação de aftosa no Nordeste em blocos. As afirmações foram ouvidas pelo próprio presidente do Instituto de Defesa Agropecuária (Idiarn), Romildo Pessoa.

Apesar das declarações soarem desanimadoras, Pessoa ainda está otimista. “Estou confiante que eles (técnicos) não vão encontrar argumentos contrários à evolução do Rio Grande do Norte. Isso é um problema da política de defesa do ministério onde se encara a questão regional e não dos estados. Digo o que ouvi deles e interpreto que seja assim”, afirma.

Esta é a quarta auditoria que o Ministério realiza desde a criação do Idiarn. A União alega que o trabalho faz parte do trâmite normal, embora o estado já tenha comprovado por diversas vezes que já cumpriu as exigências para o enquadramento como área de risco médio. Durante a auditoria, os técnicos (dois profissionais da Secretaria de Defesa de Sanidade Animal) visitarão as 12 Unidades Locais de Saúde Animal e Vegetal (Ulsavs) do estado – apêndices da Secretaria Estadual de Agricultura distribuídas em municípios-pólos. Eles vão verificar, mais uma vez, 13 itens da lista de exigências que o Ministério fez ao estado.

Segundo Romildo, o prazo para a entrega do relatório é de cerca de 30 dias. A partir dele, o Mapa fará um novo julgamento, mudando a classificação do estado. “Esta é uma expectativa pessoal, de que eles possam agilizar o processo e a mudança ocorrer ainda durante a Festa do Boi”.

Por perceber do ministério uma política que vai de encontro com os interesses do estado, o presidente do Idiarn afirma que o órgão tem procurado trabalhar em condições mais rígidas de sanidade para conseguir prospectar a evolução desejada. Mas a tão esperada mudança agora não traria melhorias para os criadores. Pelo contrário, acarretaria até mesmo prejuízos para a Festa do Boi se for anunciada antes do evento. A preocupação é que criadores de estados como a Paraíba (que também é área de risco desconhecido) não possam participar da feira. Se o estado passar a ser área de risco médio antes do 11 de outubro, os empresários paraibanos, por exemplo, não poderiam vir à festa e o dinheiro da participação teria que ser devolvido.

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