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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Tecnologia é chave para enfrentar as mudanças climáticas

O primeiro dia do seminário As Mudanças no Clima e a Agricultura de Mato Grosso: impactos e oportunidades terminou com uma lição comum: é preciso melhorar as tecnologias de produção no campo para enfrentar qualquer um dos cenários de mudança no clima que estão sendo apontados pelos especialistas como o futuro que nos espera.

Que as mudanças vão ocorrer a comunidade científica já não tem mais dúvidas. As incertezas giram em torno de quão severas elas serão. Alguns sintomas do que está por vir já começaram a ser sentidos em todo o planeta, com secas, enchentes e furacões cada vez mais frequentes e severos. Os cientistas são cautelosos em afirmar que há uma relação causa-efeito entre as mudanças no clima e esses eventos extremos, mas é fato que eles têm se intensificado nos últimos anos por conta da interferência humana no ambiente.

“Além de elevar a temperatura do planeta, as mudanças no clima afetarão os regimes de chuva. A Amazônia e o estado de Mato Grosso serão afetados por essas mudanças e pela intensificação de eventos extremos. Há necessidade de medidas de adaptação a essas mudanças” aponta Antonio Ocimar Manzi, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Em sua apresentação, Manzi mostrou o tamanho da responsabilidade do Brasil sobre suas florestas. Os dados mostram que a floresta amazônica armazena uma grande quantidade de carbono, da ordem de 10 vezes a emissão anual global de gases de efeito estufa. Ao lado disso, o desmatamento da Amazônia libera gases para a atmosfera calculados em 3% das emissões anuais globais – no Brasil, isso representa pelo menos a metade das emissões. “A redução dos desmatamentos, além de conservar a biodiversidade, contribui para atenuar o aquecimento”.

Reduzir o desmatamento para diminuir as emissões brasileiras e atenuar o aquecimento global coloca um problema delicado para o Brasil: como manter a economia agropecuária, responsável por boa parte do superávit primário do país nos últimos anos, sem abertura de novas áreas?

Em sua apresentação, o pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária Giampaolo Pellegrinno, aponta um caminho: a solução da crise que ameaça a existência da espécie humana exige mudar o modelo atual de gestão dos recursos naturais. “Temos que substituir um sistema político baseado no crescimento e na competição excludente para um outro modelo que teria que considerar os recursos limitados da Terra e visar uma colaboração que inclua a toda a população”.

Se a resposta parece utópica, considerar os dados do estudo da Embrapa Aquecimento Global e a Nova Geografia da Produção Agrícola no Brasil, do qual Pellegrino é um dos autores, pode dar concretude à idéia. O estudo mostra que o aquecimento global pode comprometer a produção de alimentos, levando a perdas que chegam a R$ 7,4 bilhões em 2020, podendo atingir R$ 14 bilhões em 2070. A soja deve ser a cultura mais afetada. No pior cenário, as perdas podem chegar a 40% em 2070, levando a um prejuízo de até R$ 7,6 bilhões.

O estudo considerou os diversos cenários de mudanças no clima calculados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). O objetivo foi avaliar o impacto econômico-financeiro das mudanças climáticas e propor ações de adaptação e mitigação para minimizar os seus efeitos nos próximos 50 anos.

As ações mais óbvias propostas pelo estudo incluem a eliminação de queimadas, a utilização de biocombustíveis e o reflorestamento. Mas não param por aí. Giampaolo afirma que há espaço para o Brasil manter e até mesmo melhorar seu desempenho na agricultura e na pecuária, mesmo considerando a necessidade de reduzir as emissões do desmatamento. A chave é aprimorar as tecnologias de produção, com melhoramento genético e adoção de novas técnicas e sistemas de produção, como sistemas agrosilvipastoris, plantio direto, rotação de culturas e integração lavoura-pecuária. As tecnologias existem, urge que sejam adotadas.

O seminário As Mudanças no Clima e a Agricultura de Mato Grosso: impactos e oportunidades começou nesta terça-feira, dia 9, e vai até quinta-feira. O evento é realizado pelo Instituto Socioambiental, Instituto Centro de Vida e Secretaria Estadual de Meio Ambiente de Mato Grosso.

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