A última semana foi palco de manifestações populares em São Luís e no interior do Estado a favor do mandato do governador Jackson Lago. A agenda para os próximos dias prevê uma intensa mobilização, enquanto nacional e internacionalmente cresce o interesse por entender o que está acontecendo no Maranhão. Para esta semana, está prevista uma intensa atividade. No acampamento “balaiada” todos os dias haverá plenárias e atividades culturais, com a juventude, os partidos da base aliada, sindicatos e agrupações diversas. E as panfletagens e visitas aos bairros devem aumentar.
A meta é avançar na mobilização até a realização, no dia 31 de março, do grande ato nacional “Golpe nunca mais - pela Democracia, em Defesa do Maranhão”, na Praça Deodoro, com presença de todos os movimentos sociais que estão mobilizados em defesa do voto popular e de convidados especiais. Esse comício relembrará os 45 anos do golpe militar de 1964, do qual nasceu a oligarquia Sarney.
As manifestações continuam em todo o Estado, com atividades agendadas para várias cidades. Entre as principais atividades está a marcha a ser iniciada no próximo dia 22, que percorrerá mais de 200 km até a capital, mobilizando a população e informando a opinião pública sobre a situação política e as implicações da decisão do Tribunal Superior Eleitoral.
“Vamos lutar pela revisão jurídica no TSE; se não for possível, vamos impedir a diplomação; se for diplomada, vamos impedir a posse; se for empossada, vamos ocupar o Palácio dos Leões e nos colocar em desobediência civil! O que está em jogo é o nosso voto. É a luta de uma geração contra essa famigerada oligarquia Sarney”, afirmou o ex-deputado federal pelo MDB e fundador do PT, Freitas Diniz.
Sem perder tempo, dois dias após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os movimentos sociais fizeram uma plenária no Sindicato dos Bancários em São Luís e decidiram retomar a vigília cívica em frente ao Palácio dos Leões, no acampamento Balaiada. Mais de 200 dirigentes e militantes do Movimento em Defesa da Democracia no Maranhão, que congrega diversas entidades e partidos políticos - a União Por Moradia Popular, o movimento negro, o MST, o Vale Protestar, estudantes, professores, sindicatos urbanos e rurais, jornalistas, intelectuais, representantes do PDT, PT, PSB, PC, grupo de mulheres, pastorais sociais, freiras da congregação Notre Dame, entre outros estiveram presentes.
“É nas ruas e nas praças onde o povo pode expressar o seu sentimento de indignação e revolta diante da anulação da decisão soberana do povo maranhense, através do voto consciente, nas eleições de 2006, por parte de juízes que estão tão distantes da realidade do Maranhão”, disse a militante do interior da ilha, Maria Pia.
A nova agenda dos movimentos populares começou com uma enorme carreata, no domingo (08), Dia da Mulher - pelos bairros de São Luís, que pela quantidade de participantes e o pouco tempo de organização alcançou repercussão em todo o Estado e em nível nacional e até internacional.
Em dezembro passado, o governador Jackson Lago escrevia em sua coluna que o Maranhão mais do que um Estado da federação parecia uma ilha – a Galápagos brasileira. O isolamento do Maranhão, denunciava o governador, decorre no fato de a família Sarney controlar 90% dos meios de comunicação do Estado.
Os movimentos sociais também têm clareza a respeito da necessidade de romper o bloqueio informativo, um dos responsáveis, na avaliação de muitos dirigentes, pelo resultado no julgamento na Justiça Eleitoral. O desconhecimento das realidades locais teria permitido apresentar de forma mais palatável para a opinião pública nacional a votação do TSE a favor da cassação do Governador.
Lembram, nesse sentido, as afirmações do advogado de Jackson Lago, de que as acusações contra o governador constituíam “uma peça contaminada por gritantes contradições e equívocos jurídicos”. Esse fato levou o advogado Francisco Resek a falar em “golpe de Estado pela via judiciária”. Esses equívocos, na opinião do jurista, incluíam a decisão de diplomar a senadora Roseana Sarney, afastando a aplicação do dispositivo pertinente do Código Eleitoral (art. 224) que determina a realização de novo pleito.
Mobilizações aumentam - Depois de realizada a carreata do domingo (08 de março), os movimentos populares instalaram novamente em frente ao Palácio dos Leões o acampamento “Balaiada”. Nele está em andamento uma intensa programação que incluiu inicialmente uma nova plenária geral, e depois, plenárias setoriais.
A plenária das mulheres, por exemplo, realizada na quinta-feira, reuniu cerca de 400 militantes que discutiram formas de mobilizar-se pela defesa da Democracia no Maranhão. “O caráter suprapartidário da convocatória possibilitou que reuníssemos tantas mulheres aqui”, comemorou Jô do PDT, uma das organizadoras da plenária.
Ao final, cada participante recebeu um fita vermelha. A fita será usada no braço para simbolizar que as mulheres maranhenses estão em alerta na defesa da democracia e do voto popular. Também receberam uma rosa vermelha, onde cada um levantou e cantou, junto com César Teixeira, a música “Oração Latina”:
Imperatriz - No acampamento também foram realizadas plenárias do Movimento Negro, dos movimentos de defesa dos direitos humanos e foi exibido um filme sobre a vida de Leonel Brizola. Outro ponto alto da mobilização da semana foi a realização, na cidade de Imperatriz, segunda maior do Estado, de uma passeata e um ato público. A mobilização reuniu mais de cinco mil pessoas, entre as quais representantes de movimentos sociais, estudantis, sindicais, igrejas, parlamentares, autoridades municipais, estaduais e federais, além de vários prefeitos da Região Tocantina.
Uma grande caminhada pelo centro da cidade deu início às atividades. Com apitos e palavras de ordem como “Xô Sarney”, “Meu voto é minha lei, nunca mais Sarney!” a população mostrou sua indignação contra a oligarquia que pouco fez pela região.
No ato político “Pela democracia no Maranhão”, realizado na Praça de Fátima, principal da cidade, lideranças partidárias e de movimentos sociais denunciaram o momento pelo que passa o Maranhão. O Deputado Valdinar afirmou que “se Roseana assumir quem a tirará não será o TSE será o povo e debaixo de pau”. Já o Dep. Federal Domingos Dutra perguntava, a modo de desabafo: “Como podem quatro pessoas cassar o voto de mais de dois milhões de pessoas?”
Na sua fala, o governador fez vários questionamentos: “Por que o Maranhão é um dos estados mais pobres do Brasil? Quem tirou do pequeno lavrador o acesso à terra, ao trabalho e à produção? Quem foi que tirou o pequeno produtor do campo e o empurrou para as periferias das cidades? Quem é o culpado de milhares de trabalhadores deixarem nosso estado para procurar trabalho em outros estados?”
E acrescentou, numa reflexão sobre o trajeto dos 40 anos do Grupo Sarney: “É isso o que eles querem, que o Maranhão continue sendo campeão de analfabetismo e mande seus filhos trabalhar em outros cantos”.
Anúncio de obras - O governador também anunciou várias obras de infra-estrutura importantes para a região e lembrou alguns dos feitos de seu governo. Em apenas dois anos já foram entregues mais de 150 escolas, entre capital e interior. Nos oito anos de governo da herdeira da oligarquia Sarney foram feitas apenas três. Além disso, foram instalados 550 Laboratórios de Informática e todas as escolas públicas estaduais do Maranhão, localizadas na zona urbana, terão acesso à internet banda larga até 2010.
O governo garante que tem investido fortemente na recuperação da malha viária estadual, alcançando quase dois mil km de recuperação e construção de rodovias por todo o Estado. Por outro lado, pelo segundo ano consecutivo, dados oficiais do Governo Federal apontam o Maranhão com a maior taxa de crescimento de empregos com carteira assinada em todo o país. A média nacional, divulgada pelo Ministério do Trabalho, foi de 5,01% e o Maranhão registrou um percentual de 7,19%. Em números absolutos e relativos, o resultado do Maranhão é recorde na série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), iniciada há 10 anos.
Medo do povo - Enquanto cresce a mobilização popular, também aumenta o desconforto da família Sarney, que utiliza os seus meios de comunicação para espalhar todo tipo de boatos pela cidade de São Luis e até se utiliza de políciais de Brasília para se “proteger”.
Matéria assinada pelas jornalistas Rosa Costa e Cida Fontes, de Brasília, afirma que “o presidente do Senado, José Sarney justificou uso da polícia do Senado para proteger a sua casa, no Maranhão, dizendo que se precaveu porque o imóvel estava sendo ameaçado”. O governador deu a resposta na mesma hora: “quem traz insegurança ao povo do Maranhão é o grupo Sarney”.
domingo, 15 de março de 2009
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